ONG Umbúntu ensina a construir, a partir da utilização de recursos naturais como matéria-prima
Um dia quente e ensolarado foi o cenário de mais uma oficina “Técnicas de Bioconstrução: bambu a pique e tijolos de adobe”, promovido pela ONG Umbúntu, em parceria com a Escola de Gestão do Sindicato dos Servidores Públicos de Alvorada (SIMA) e certificado pelo Campus Alvorada do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). Gratuito e aberto ao público em geral, a oficina propôs, na prática, que sejam repensados os meios de construção tradicionais, seguindo em busca de alternativas sustentáveis que visam preservar o meio ambiente ao mesmo tempo em que priorize a qualidade das edificações a ser construídas.
Rodinei Rosseto, presidente do SIMA, estava entre os 60 inscritos e participou ativamente das atividades ao logo do dia. A formação, com carga horária de 10 horas, foi voltada para a construção de muros para a Organização Não Governamental, que ampliou suas instalações. Rosseto amassou barro, carregou e operou a betoneira, cortou garrafas de vidro e também participou da etapa de consolidação dos muros, armados com tiras de madeira.
Kleiton Müller, professor da rede municipal de ensino de Alvorada, esteve presente em toda a formação, exercitando as técnicas coordenadas pelos professores da ONG.
Diferente da oficina realizada em 20 de novembro de 2022, quando foi construída uma casa com o emprego de técnicas de reutilização e a reciclagem de materiais para construção, como garrafas, que proporcionam sustentabilidade e conhecimentos práticos e teóricos aos participantes.
VALOR DAS CONSTRUÇÕES
Ao explicar os fundamentos da oficina, Eduardo Fortes, coordenador da ONG Umbúntu, informou que as construções de barro e terra crua são milenares e estão presentes em diferentes partes do planeta. Estima-se que, nos dias de hoje, em torno de 40% da população mundial ainda viva em casas de terra.
Reconhecendo que a terra é um recurso natural abundante em Alvorada, utilizar os recursos presentes no local da obra nas proximidades, a construção representa economia de recursos financeiros e, principalmente, a sustentabilidade. Assim, o curso oferece alternativas à comunidade para a solução de problemas ambientais e de moradia.
Dominando as técnicas construtivas tradicionais, a comunidade local poderá desenvolver uma autonomia capaz de solucionar problemas internos, que enxergam os materiais naturais ou residuais como matéria prima para a bioconstrução de baixo custo.
A BIOCONSTRUÇÃO
Supervisionado pelos professores Diovanny Coutt de Freitas, Eduardo Fortes Santos, Gabriel Talian da Silva, Miriam Fortes Santos e Rubens Steinmetz da Rosa, o conteúdo programático demonstrou como, através da produção de tijolos de adobe e da construção de paredes de bambu a pique, os participantes passam a conhecer na prática duas das principais técnicas de bioconstrução, a partir das seguintes noções:
– As vantagens da bioconstrução e as diferenças entre as técnicas de bambu a pique e adobe;
– Como testar e preparar ‘o barro’, a massa de bioconstrução com solo argiloso, areia e palha;
– Como moldar tijolos de adobe;
– Como montar uma estrutura de parede de bambu;
– Como inserir garrafas de vidro recicladas nesta estrutura de bambu;
– Como preencher a estrutura de taquara e garrafas com o barro anteriormente preparado.
Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300)
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