A primeira exibição do projeto Cine Debate, uma promoção conjunta entre a União Municipal dos Estudantes de Alvorada (Umesa) e a União Gaúcha de Estudantes Secundaristas (UGES), ocorreu na manhã de 6/7, no auditório da Escola de Gestão do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Alvorada (SIMA), um dos apoiadores da realização, juntamente com as escolas estaduais da cidade. Ao saudar os alunos da Escola Gentil Viegas Cardoso, presentes na primeira exibição, Victória Costa, presidente da Umesa, destacou a possibilidade de assistir ao filme e depois discutir sobre ele.

O anfitrião Rodinei Rosseto, presidente do SIMA, destacou a intenção dos organizadores do encontro de provocar o debate sobre o contexto em que o filme foi produzido e relacioná-lo com a realidade dos dias de hoje. Rosseto será um dos debatedores do aclamado filme brasileiro “Eles Não Usam Black-Tie”, de 1981, e dirigido por Leon Hirszman, com fotografia de Lauro Escorel e baseado na peça do mesmo nome de Gianfrancesco Guarnieri, que protagoniza a filmagem com a atriz Fernanda Montenegro. A película foi premiada em vários festivais internacionais, com destaque para o Festival de Veneza, onde recebeu o Grande Prêmio do Júri.

Debatedor da primeira exibição do Cine Debate, o produtor cultural e ativista Paulo Zé, idealizador e produtor do Morrostock; integrante do Hub Criativo Marquise 51; sócio-administrador da Nomad Produções LTDA; tour manager de turnês
internacionais das bandas No Rest, Os Replicantes, Bandinha Di Dá Dó e Jason. Integrante da rede Fora do Eixo desde 2008. Músico, ator e palhaço.

Paulo Zé participou da roda de conversa que sucedeu a exibição do documentário francês, “Driblando a Democracia”, de 2018, e dirigido por Thomas Huchon, que descreve com detalhes a trama que envolve as fake news e o uso de dados de milhões de pessoas pela misteriosa Cambridge Analytica, para fraudar eleições.

O MACRO, A PARTIR DO TERRITÓRIO

O ativista classificou como o encontro como “importantíssima iniciativa, no que tange à conscientização dessa galera mais jovem, que vai fazer a diferença no futuro” do país e do planeta”, Paulo Zé diz que “tudo começa no território” e através dele se promove uma revolução da consciência dentro do território de Alvorada.

Para ele, “não adianta tentar mudar o mundo se você não consegue mudar o seu território, pois a revolução começa aqui e agora, como os alunos que assistiram o documentário e que vão replicá-lo no seu nicho de amizades e familiar”. Também a continuidade do projeto, com novas películas, mais debate e mais conscientização foi mencionada pelo produtor cultural e ativista.

APROVAÇÃO DOS PROFESSORES

Taiane Jardim, professora da rede estadual de ensino de Alvorada, classificou como importante a iniciativa do projeto Cine Debate, pois reacende a luta pela construção de um país democrático, no qual é preciso acolher e respeitar a todos. Dizendo ser um momento de reflexão, que cada um leva para a sua vida e ajuda a construir o papel como cidadão dentro da sociedade, pois Alvorada é um município carente em todos os aspectos.

A educadora contesta a visão dos que pensam que a internet é uma “terra sem lei”, sendo possível rastrear a ação de qualquer pessoa a somente a partir de um clique. No atual contexto social e político, a PL das Fake News é bem-vinda, pois já é possível identificar e punir os internautas que cometem excessos.

RASTREAR E PUNIR – Maria Cristina Santos é vice-diretora da Escola Gentil Viegas Cardoso reconheceu a importância de encontros dessa natureza para que os alunos tenham consciência da existência das chamadas Fake News, que são artifícios bem demonstrados pelo documentário francês, “Driblando a Democracia”, de 2018, que focaliza os erros cometidos durante a realização de processo eleitoral nos Estados Unidos, que poderiam favorecer o presidente na tentativa de reeleição.

“Como tudo tem uma resposta, nada vai ficar impune, mesmo sendo Fake News postada na internet, será possível rastrear e chegar até o agente transmissor da mensagem”, comenta a educadora, que afirma não ser a internet um espaço livre para a prática de barbaridades.

PROPOSTA DE LEI

O PL das Fake News ou PL2660 é um projeto de lei de autoria do senador Alessandro Vieira (PSDB) que estabelece mecanismos para regulamentação da atuação das plataformas digitais no Brasil, como redes sociais e aplicativos de troca de mensagens. O projeto também estabelece mecanismos para coibir a propagação de conteúdos criminosos nessas plataformas.

O PL está em debate na Câmara dos Deputados desde 2020 e teve sua versão final protocolada em abril de 2023. Ele estabelece que conteúdos que envolvam uma série de crimes devem ser excluídos e as redes sociais devem atuar para impedir que esses conteúdos não sejam propagados. O projeto estabelece multa para o descumprimento da lei.

ACOMPANHE A PROGRAMAÇÃO DO CINE DEBATE

Driblando a Democracia | 06 de julho | Dirigido por Thomas Huchon (2018) | França | 52 minutos

Eles Não Usam Black-Tie | 17 de agosto | Dirigido por Leon Hirszman (1981) | Brasil | 123 minutos

Infiltrado na Klan | 31 de agosto | Dirigido por Spike Lee (2018), com John David Washington, Adam Driver e Laura Harrier | EUA |135 minutos

O Que É isso, Companheiro? | 14 de setembro | Dirigido por Bruno Barreto (1997) | Brasil |110 minutos

Bacurau | 28 de setembro | Dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles (2019) | Brasil | 131 minutos

El Empleo | 10 de outubro | Dirigido por Santiago Grasso (2008) | Argentina | 7 minutos

Eu, Daniel Blake | 10 de outubro | Dirigido por Ken Loach (2016) | Reino Unido | 100 minutos

Amazônia em Chamas | 26 de outubro | Dirigido por John Frankenheimer (1994) | EUA | 123 minutos

Bob Roberts | 09 de novembro | Dirigido por Tim Robbins (1992) | EUA | 104 minutos

Marighella | 23 de novembro | Dirigido por Wagner Moura (2021) | Brasil | 155 minutos

Amarelo | 02 de dezembro | Dirigido por Fred Ouro Preto (2020) | Brasil | 89 minutos

Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300)