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 ENQUANTO O MOSQUITO VOA, A GESTÃO SE ESCONDE:  A EXPLOSÃO DOS CASOS DE DENGUE EM ALVORADA E O ABANDONO DOS TRABALHADORES DA SAÚDE E ENDEMIAS

ENQUANTO O MOSQUITO VOA, A GESTÃO SE ESCONDE: A EXPLOSÃO DOS CASOS DE DENGUE EM ALVORADA E O ABANDONO DOS TRABALHADORES DA SAÚDE E ENDEMIAS

Em 15 de janeiro de 2025, Alvorada registrava apenas 10 notificações de dengue. Pouco mais de três meses depois, em 14 de abril, esse número saltou para 303 casos confirmados, com um óbito registrado e 726 casos ainda em investigação (Fonte: SINAN Dengue). A epidemia, que já devastou o município no ano anterior, volta com força total, e a gestão municipal parece seguir apostando no silêncio.

UM PASSADO NÃO TÃO DISTANTE

Em 2024, Alvorada enfrentou um dos seus piores cenários: 2.907 casos de dengue e quatro mortes confirmadas. (Fonte: Site da Prefeitura de Alvorada). O caos escancarou a urgência de políticas sérias de prevenção e combate ao mosquito. Na época, a atual administração ainda estava em campanha e prometia fazer diferente. Mas os 100 primeiros dias de governo mostram exatamente o contrário.

Desde maio do ano passado, o posto da Nova Americana está fechado por causa das enchentes. O URS 2 também foi interditado por problemas estruturais: goteiras, infiltrações e abandono. Em 2025, mais dois postos fecharam as portas: o da Nova Alvorada e o do São Francisco. O motivo se repete — chuvas fortes e falta de manutenção.

Sabemos que os postos que seguem abertos estão superlotados, com filas dobrando quarteirões, falta de equipamentos básicos e até grama alta nas áreas internas. Mas… e os postos que estão fechados e praticamente abandonados, servindo de criadouro para o mesmo mosquito que os postos abertos tentam combater? É, no mínimo, contraditório.

Enquanto isso, nas redes sociais da Prefeitura, o cenário é outro: lâmpadas trocadas, IPTU digital, Páscoa Solidária e feirões de emprego. Tudo importante, sim. Mas… e a saúde pública?

No Dia Mundial da Saúde, a gestão fez uma ação pontual numa escola. Fora isso, nenhuma menção à realidade alarmante nas UBS. A única postagem sobre dengue fala da vacinação de adolescentes, sem qualquer informação sobre ações preventivas ou estratégias futuras do governo.

SEM INSUMOS, SEM EQUIPE, SEM ESTRUTURA

Em vez de prevenir, o governo preferiu empurrar com a barriga. A equipe de Agente de combate e endemias (ACE) seguem com equipes reduzidas e sobrecarregadas, operando com apenas 20% do efetivo mínimo necessário para cobrir o município. Faltam insumos básicos, como larvicidas e EPIs para que os agentes de endemias possam trabalhar com segurança. Falta planejamento, falta diálogo com os servidores e falta integração entre secretarias. Mas, principalmente, falta vontade política de enfrentar o problema. Os agentes fazem o que podem. Mas não dá pra combater uma epidemia só com esforço humano. É preciso estrutura, investimento e uma gestão que encare o problema com seriedade. E isso, até agora, não aconteceu.

A REALIDADE NAS RUAS: BURACOS, LIXO E MATO ALTO

Hoje, Alvorada vive um cenário perfeito para a proliferação do mosquito: ruas esburacadas, acúmulo de lixo, terrenos baldios abandonados e um clima de chuva e sol que facilita a reprodução do Aedes aegypti. E, diante disso tudo, o poder público segue omisso.

A SMOV, que deveria estar atuando junto com a Saúde e a Vigilância, continua atolada em demandas sem resposta. Não há um plano emergencial de limpeza urbana, não há mutirões, não há nem mesmo manutenção básica dos espaços públicos. E, quando há, é algo pontual, superficial e, muitas vezes, feito sem diálogo com quem está na ponta.

É PRECISO MUDAR A LÓGICA

A dengue não se combate com panfleto ou postagem em rede social. Se combate com investimento, estrutura, valorização dos trabalhadores e planejamento intersetorial. É preciso agir antes que o surto vire tragédia. E tragédia, em Alvorada, tem virado rotina.

O SIMA reforça: é urgente um plano de emergência que una todas as secretarias. A cidade precisa de mutirões de limpeza, compra imediata de insumos, reforço nas equipes de campo e, acima de tudo, valorização de quem está todos os dias na linha de frente.

A saúde pública não pode continuar sendo tratada como marketing. Já passou da hora de parar de contar os casos e começar a contar com ações.

RODINEI ROSSETO
Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Alvorada (SIMA)