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 Como não ser “vagabundo”

Como não ser “vagabundo”

Em tempos de eleições, candidatos e candidatas acionam seus motes de campanha, apresentam propostas e, junto às suas militâncias, garimpam o voto. Além disso, é o momento em que fazem pronunciamentos, selam compromissos e, eventualmente, as máscaras caem. Foi o que aconteceu com uma candidata governista. Seria esquizofrenia? Ou será uma crise de identidade? Uma hora diz que é continuidade e quer prosseguir com as “coisas boas”, sem nunca dizer o que está efetivamente bom; em outro momento, diz que não será continuidade, já que não trabalharia com a maioria dos servidores com os quais trabalhou. Bizarro, né?

Da tal candidata, há quem diga que ela é uma “sargentona”, e atribui a “fama” a cerca de noventa por cento de servidores “vagabundos” que trabalharam com ela. Será que ela teve o “dedo podre”, ao fazer más escolhas das pessoas com as quais trabalhou? Ao referir-se dessa maneira aos servidores, será que estava pensando em seus cargos em comissão? Ou será que ela estava em clara referência aos servidores públicos municipais?

De qualquer forma, revisemos o que aconteceu na cidade nos últimos quase quatro anos.
Nós, servidores municipais, muitas vezes trabalhamos com o mínimo de recursos, de pessoal, sem condições, junto a terceirizados que possuem contratos precários. Quando possuímos e exigimos equipamentos inadequados de trabalho, lutamos, reivindicamos, exigimos. Somos vagabundos?

Em várias ocasiões, muitos de nós foram punidos por fazer reivindicações, ao longo deste governo. A luta é pelo cumprimento da lei, tão ignorado por este governo, que não reconhece o piso salarial de nossas categorias. É o mesmo governo municipal que expôs nossos trabalhadores de setores essenciais e terceirizados ao trabalho, durante a pandemia, para trabalhar sem fornecer sequer máscaras… em reivindicação legítima do magistério, fomos recepcionados até com gás de pimenta, sem dó nem piedade, sem poupar professores e crianças.

Da mesma forma, cortaram nossos direitos e nos puniram com falta não justificada, proibindo nossa manifestação sindical legítima e prejudicando nossa vida funcional, mesmo que tenhamos recuperado o dia junto aos nossos estudantes. Somos vagabundos?

CORTES, PUNIÇÕES E AFASTAMENTOS

Enquanto isso, na saúde contamos com postos sucateados, com goteiras, sem pessoal suficiente e, se reclamar, cortam o dia, punem, afastam e até demitem. Até mesmo remoções ocorreram, sem justificativa alguma. Na assistência social – área completamente esquecida por esse governo -, colegas atendem as situações de vulnerabilidade social, mesmo que sem o mínimo de pessoal qualificado. E o que dizer da enorme quantidade de servidores desviados, e também dos cargos de confiança ocupando nossas funções, indevidamente? Somos vagabundos?

A lista do descaso é imensa. Nossos servidores seguem trabalhando, adoecendo dia a dia, emocional e fisicamente. Neste sério momento eleitoral, cabe alertar a população de que somos nós, servidores municipais, quem faz a cidade funcionar. Até mesmo diante da calamidade dos alagamentos, nós, servidores públicos, junto a amigos e familiares, fomos muito além do serviço. Muitos de nós fizeram e fazem trabalho voluntário por genuíno compromisso com a cidade. Isso, definitivamente, não é coisa de vagabundo. São coisas que não se viu, vindo destes gestores que estão aí.