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 ABRIGO OU ABANDONO?  O COLAPSO SILENCIOSO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL EM ALVORADA

ABRIGO OU ABANDONO? O COLAPSO SILENCIOSO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL EM ALVORADA

Enquanto a prefeitura tenta convencer a população com vídeos bem-produzidos de uma cidade que cuida das pessoas, a realidade dentro do abrigo de Alvorada é bem diferente: abandono, esgotamento e silêncio. No final desse Arco-íris não há pote de ouro, mas um vazio de recursos, negligência e descaso.

A DIGNIDADE NÃO É UM FAVOR

O presente é desolador para quem trabalha na Assistência Social, e o futuro parece ainda mais sombrio. O setor que deveria ser prioridade em tempos de crise vive hoje um colapso silencioso: estruturas sucateadas, falta de recursos, equipes exaustas e a escassez de profissionais. Esse é o cenário enfrentado pelos servidores.

A situação chegou ao limite. Após a assembleia do SIMA no dia 22/04/2025, os Educadores Sociais, que atendem crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, decidiram entrar em ESTADO DE GREVE.

Mas tudo pode mudar: a greve depende do resultado da reunião com os secretários de governo, marcada para o dia 24 de abril. As pautas de negociação incluem salário digno, condições de trabalho adequadas, o futuro da Assistência Social no município e, principalmente, a redução da carga horária dos Educadores Sociais. O desfecho da reunião determinará o compromisso da gestão com os trabalhadores e a população.

REALIDADE CRUEL: QUEM CUIDA DE QUEM CUIDA?

Em Alvorada, o único abrigo em funcionamento é o Arco-Íris. Enquanto isso, o antigo abrigo, ironicamente chamado de “Novo Tempo”, permanece fechado, parado no tempo, sem manutenção, como um símbolo do descaso. O prédio que deveria ser um local de acolhimento agora serve apenas como depósito, refletindo a negligência com quem mais precisa de ajuda.

No Arco-Íris, as condições são alarmantes: crianças dormindo no chão, alimentação precária e, nos finais de semana e feriados, não há garantias de refeições dignas. Quando o Estado falha, a solidariedade entre os trabalhadores é a única forma de garantir que essas crianças sejam alimentadas.

No último feriado de Páscoa, se não fosse a generosidade de empresas e pessoas da iniciativa privada, que doaram hambúrgueres e cestas de chocolate, o que teria sido da Páscoa dessas crianças? Esse é o retrato do abandono. Quando o Estado se omite, a dignidade vira um favor, e não um direito.

Na mesma data, a Prefeitura promoveu uma ação na Praça da 48, distribuindo ovos de Páscoa para a comunidade, uma iniciativa importante para a população em geral. No entanto, fica o questionamento: por que não levar essa ação também para o abrigo, onde estão algumas das crianças mais vulneráveis da cidade? Faltou atenção onde o cuidado deveria ser prioridade. Ou será que a ação foi pensada para gerar curtidas e aprovação popular? Afinal, no abrigo, ninguém tem celular pra repostar.

O SIMA já enviou ofícios à Prefeitura e à Secretaria de Assistência Social, cobrando ações imediatas. O entorno do abrigo também representa um risco à saúde pública: mato alto, entulho e objetos abandonados criam um ambiente propício para escorpiões, aranhas e mosquitos, em plena epidemia de dengue.

30 HORAS PARA QUEM? A CARGA INJUSTA DOS EDUCADORES SOCIAIS

No dia 22 de abril, o SIMA reuniu os Educadores Sociais em assembleia para debater questões cruciais: salário, saúde mental, condições de trabalho e a redução da carga horária.

Enquanto os assistentes sociais têm garantida por lei uma jornada de 30 horas semanais (Lei 12.317/2010), os Educadores Sociais seguem enfrentando uma rotina exaustiva: trabalham 40 horas por semana e, em muitos casos, ainda dobram turnos no estilo hospitalar, com jornadas de 12 horas seguidas, sem o devido pagamento de horas extras. Há educadores com mais de 120 horas extras acumuladas que não conseguem receber por elas. Tudo isso lidando com os mesmos públicos, os mesmos traumas e as mesmas situações de extrema vulnerabilidade e violência.

A Constituição Federal (Art. 7º, XIII) prevê jornada especial para profissões com alto desgaste emocional, como é o caso dos Educadores Sociais. Dados do Ministério da Saúde mostram que 68% dos educadores estão em burnout (FONTE). Eles lidam diariamente com situações extremas, mas o valor de seu trabalho segue sendo ignorado.

A pergunta que ecoa nos corredores do Arco-Íris e nas mentes dos trabalhadores é clara: quem cuida de quem cuida? Filie-se ao SIMA, participe das assembleias e fortaleça nossa mobilização. O SIMA segue mobilizado, e a luta continua!

RODINEI ROSSETO
Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Alvorada (SIMA)