ESCALA 6×1: QUANDO O TRABALHO ROUBA NOSSO DIREITO DE VIVER
Enquanto milhares de trabalhadores brasileiros enfrentam jornadas exaustivas, como a escala 6×1, uma proposta que poderia aliviar essa realidade segue em tramitação. Apesar de sua importância, muitos deputados já se posicionaram contra, alegando que a mudança “quebraria o país”. Enquanto isso, eles permanecem em escritórios luxuosos, trabalhando três dias por semana e recebendo, no mínimo, R$ 33 mil por mês. Essa postura reflete não apenas insensibilidade, mas um abismo entre os que legislam e os que sustentam o país com suor e sacrifício.
Essa luta vai além de um direito; é sobre a dignidade de milhões de brasileiros. Como podemos sonhar com um futuro mais justo se nossos representantes continuam priorizando seus privilégios e ignorando a realidade de quem vive para trabalhar?
A DURA REALIDADE DE QUEM VIVE PARA TRABALHAR
Você já sentiu como se o trabalho sugasse cada pedacinho do seu dia, deixando apenas migalhas para a família e o lazer?
Eu cresci vendo meus pais nessa rotina. Para eles, lazer era trabalhar. Meu pai, foi batizado com o nome de Domingos, ironicamente muitas vezes nem aos domingos tinha folga.
Ao lado da minha mãe, dona Olga, enfrentava jornadas intermináveis nas lavouras de Rio dos Índios. O dia começava cedo com o canto dos sabiás, e só terminava quando as corujas começavam a cantar. O trabalho nos sustentava, mas também os consumia.
Eu vi de perto a dureza da vida de quem acorda cedo e enfrenta o cansaço para garantir o sustento. Quando jovem, trabalhei com meu tio Milton, onde adquiri conhecimentos em mecânica especializada, e era uma escala 6×1. Mais tarde, tive a sorte de conseguir trabalhos com jornadas que me permitiam descansar, mas para muitos amigos próximos não foi assim. Quantas vezes vi colegas desistirem de sairem com o grupo de amigos porque precisavam trabalhar no domingo?
A escala 6×1, não é apenas exaustiva: ela mata. Mata sonhos, a dignidade e o direito de viver.
SUPER SALÁRIOS: A DESIGUALDADE INSTITUCIONALIZADA
A iniciativa do deputado Guilherme Boulos (PSOL) para acabar com os supersalários no serviço público evidencia o abismo de desigualdade no Brasil. O teto constitucional de R$ 44 mil já é alto, mas “penduricalhos”, como auxílios e gratificações, fazem com que alguns servidores ultrapassem os R$ 100 mil mensais.
TRABALHO HUMANIZADO: UMA LUTA URGENTE
Defender o fim da escala 6×1 é uma questão de dignidade. Modelos como o 4×3 já provaram em vários países que jornadas mais curtas trazem trabalhadores mais saudáveis e produtivos.
Como presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Alvorada, acredito que essa mudança não pode esperar. É hora de priorizar quem sustenta o país: o trabalhador comum, que merece mais do que apenas sobreviver.
JUNTOS, PODEMOS MUDAR ESSA HISTÓRIA
A luta por jornadas justas e pelo fim dos privilégios não é só minha; é nossa. Precisamos exigir responsabilidade dos nossos representantes e apoiar iniciativas que redistribuam recursos públicos de forma justa. Trabalhar é essencial, mas viver é um direito que não podemos abrir mão.
Rodinei Rosseto
Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Alvorada (SIMA)