No SIMA, o Dia do Quadrinho Nacional, com Pablito Aguiar, artistas e fanzineiros
Denilson Reis e Paulo Kobielski, professores da rede estadual de ensino no município de Alvorada, fanzineiros e fundadores do Coletivo Alvoradense de Quadrinhos (CAQ), reuniram personagens do mundo dos quadrinhos em Alvorada para uma conversa no Dia do Quadrinho Nacional, comemorado no Brasil em 30 de janeiro, data que homenageia Angelo Agostini, cartunista que, em 1869, publicou a primeira história em quadrinhos brasileira – “As Aventuras de Nhô-Quim ou Impressões de uma Viagem à Corte”. O encontro ocorreu no auditório da Escola de Gestão do Sindicato dos Servidores Públicos de Alvorada (SIMA), mesma instituição que abriga a realização anual do Gibifest, evento voltado para a promoção do mundo dos quadrinhos, fanzines e cultura pop.
Kobielski informou que a celebração foi criada em 1984 pela Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo (AQC-ESP), entidade que organiza o Prêmio Angelo Agostini, para prestigiar os profissionais brasileiros das histórias em quadrinhos. O que ele chama de “encontro entre amigos” acontece em Alvorada desde 2015 e reúne artistas que produzem histórias em quadrinhos, desenhistas, roteiristas e amantes dessa arte que atuam em Alvorada.
Classificando as histórias em quadrinhos como um “virus que contagia o público”, o fanzineiro cita o próprio caso, como o de um amante dessa arte. Ele disse que lê pelo menos um quadrinho por dia, nem que seja uma tira de jornal, por ser uma leitura sedutora, que atrai pelo texto e também pelas imagens. Dono de vasta gibiteca, Kobielski é pai de outro seguidor, que produz e apresenta um podcast sobre quadrinhos.
Em nome da diretoria do SIMA, Marines Rodrigues anunciou a realização do 7º Gibifest para dia 18 de agosto nas dependências do sindicato. Ela participou do encontro e constatou o quanto essa manifestação é saudada em Alvorada.
UMA ESTRELA DOS QUADRINHOS EM ALVORADA
O consagrado Pablito Aguiar aproveitou o encontro para lançar o livro “Conversas em Porto Alegre” – publicado pela Brasa Editora, no qual apresenta entrevistas com personagens conhecidos e anônimos da capital gaúcha. O artista classificou o momento como “um dia de muita alegria”, pela oportunidade de mostrar seu trabalho para quem gosta de histórias em quadrinho. Destacado por um trabalho delicado e criativo no jornalismo em quadrinhos, Pablito ressalta que crescemos em contato com os quadrinhos, que estão presentes em nosso dia a dia, inclusive filmes que são inspirados nesse tipo de leitura.
Profissional formado em Comunicação Digital e Design pela Unisinos e em Artes pela Universidade del País Vasco (Espanha), Pablito indaga o porquê de muitas pessoas da cidade ainda não conhecerem essa manifestação artística, que vai além da violência e da pobreza. O artista ressalta que Alvorada é uma localidade repleta de criatividade e de gente interessante, que tem muito a acrescentar à cultura. Para ele, Alvorada é muito mais do que esse lado negativo que os noticiários mostram e que não há incentivo da prefeitura, não há locais para receber eventos e a biblioteca está escondida.
Pablito cita o Gibifest como um oásis em meio aos pontos negativos, “uma manifestação muito importante para a cidade”. Quanto aos quadrinhos, ele qualifica como “uma leitura gostosa de fazer e que informa muito, com entretenimento, diversão e emoções como ler um livro ou ver um filme”. Morador de Alvorada, cidade da região metropolitana de Porto Alegre, Pablito Aguiar lançou seu primeiro livro, em 2016, “Alvorada em Quadrinhos”, em que traz 23 relatos de moradores de sua cidade.
MÍDIA DE ENTRETENIMENTO BARATO
Outra presença marcante na conversa que marcou o Dia do Quadrinho Nacional foi Diego Brandão (@diegobrandaon), professor Educação Básica e mestre em ensino de Geografia. Apaixonado por histórias de quadrinhos (HQs), participa desde 2020 do canal Ministério dos Quadrinhos.
Ele destaca que esse encontro favorece que olhemos para a cultura do quadrinho no Brasil, principalmente em uma cidade como Alvorada, que carrega uma fama cruel de violência e saúda o fato estar naquele espaço e mostrar o lado potente do município, que está na cultura, na criação e na comunicação. “Eventos como este me fazem ter orgulho de ser alvoradense”, declarou o youtuber, que também atua no desenvolvimento de websites e criação de artes digitais.
Diego Brandão ressalta que, historicamente, o quadrinho é uma mídia de entretenimento barato para a maioria das pessoas, apontando o próprio caso, como criança criada na periferia e que recebeu muita informação dessa forma de comunicação. “É uma porta de acesso à cultura como um todo”, afirma, apontando a arte de Pablito Aguiar que apresenta uma outra dimensão de Porto Alegre.
Brandão recomenda que aquelas pessoas que ainda não conhecem os quadrinhos profundamente que conversem com amigos que gostam, pois existe quadrinho para todos os gostos, como o cinema.
Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300)